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Dra. Caroline Matos, nutricionista funcional |
Atualmente, existe um empenho crescente por parte da
população em seguir uma alimentação equilibrada – não só por uma questão
estética, mas também devido a uma preocupação maior com a saúde e com qualidade
de vida.
Mas, é fato, também, que algumas pessoas comentam que
não conseguem seguir uma dieta equilibrada porque “não têm tempo” para
prepararem seus próprios alimentos. Assim, acabam comendo fora ou fazendo, em
casa, o que lhes parecer “mais rápido”.
Pensando nisso, abaixo, a nutricionista funcional Caroline
Matos dá algumas dicas importantes a essas pessoas, falando, inclusive, sobre a
diversidade de novos produtos que existe hoje para uma vida mais saudável.
Orientações para quem
tem pouco tempo para preparar suas refeições
Caroline Matos destaca que, para ter uma dieta equilibrada e
saudável, a pessoa realmente precisa dedicar um pouco do seu tempo. “Esquente
água no micro-ondas e coloque a mesma quantidade para ferver no fogão: gasta o
mesmo tempo! Temos conceitos equivocados em 'dar ou não trabalho'. Penso que
devemos dedicar um tempo para cuidar de nós mesmos, é um carinho pessoal, com
meu corpo e com minha saúde”, diz.
A nutricionista acrescenta, porém, que é possível “facilitar”,
optando por refeições mais rápidas, e não, necessariamente, completamente
industrializadas. “A ideia é organizar a alimentação previamente e ter
disciplina, assim os industrializados por completo entram somente quando for
preciso”, diz.
Fazer compras, pelo menos uma vez por semana, dos perecíveis
é imprescindível. “Além disso, é preciso se organizar para não ter perda de
alimentos”, destaca Caroline.
Ao longo do dia, a sugestão da nutricionista é combinar
frutas com sementes (chia, girassol, abóbora, linhaça, gergelim) ou oleaginosas
(castanhas, nozes, avelãs, amêndoas, pistache). “É possível ainda deixar
refeições pré-preparadas, como lavar folhas verdes e manter em refrigeração,
além de alguns legumes cozidos”, acrescenta.
As panelas elétricas também são excelente opção para
acelerar o processamento de alimentos, conforme destaca Caroline. “E ainda
existem empresas se especializando cada vez mais em fabricar produtos com o
mínimo de conservantes e o máximo de qualidade e sabor dos alimentos”, diz.
O que levar em consideração
na hora da compra dos produtos
Caroline Matos concorda que algumas empresas já têm se
preocupado com a qualidade dos alimentos vendidos, com a quantidade de conservantes
presente neles e, também, pensado na praticidade para o consumidor.
“Ao adquirir um alimento quase pronto para consumo, observe
na lista de ingredientes do que realmente é feito o alimento, lembre-se que a
ordem dos ingredientes indica a quantidade da maior para menor proporção, por
exemplo: em um chocolate de boa qualidade, o cacau vem no segundo ou terceiro
lugar na ordem dos ingredientes... Prefira aqueles que mostram o açúcar depois
do cacau”, orienta a nutricionista.
Caroline acrescenta que é importante observar ainda o teor
de sódio nos industrializados, que pode ser apresentado não somente como “sal”,
mas também com os nomes “de sódio”, “sódico” ou “sódica”. “Quanto menos melhor!”,
destaca a nutricionista.
Por que diminuir o
consumo de doces
Muitas pessoas sentem dificuldade em cortar (ou pelo menos
diminuir) a quantidade de doce que consomem.
Caroline Matos destaca que, antes de pensar em restringir
algum alimento, é importante entender o porquê dessa necessidade de consumo ou
dependência do paladar. “É muito diferente ter vontade e ter necessidade. Vontade
a maioria das pessoas tem e é normal. O doce não vai deixar de ser gostoso e
agradável ao paladar, deve-se pensar se existe necessidade do consumo. Comer
doce abusivamente, em qualquer momento, como fuga, independente do humor: se
está feliz, se está triste... Quando tudo vira motivo para comer mostra
dependência do paladar”, diz.
Nesses casos, explica a nutricionista, o interessante é
tratar essa dependência antes de tentar reduzir ou retirar em frequência o
consumo dos doces. “A dica é iniciar por opções de doces mais saudáveis como os
chocolates com alto teor de cacau, sobremesas à base de alfarroba (planta que
imita chocolate), doces à base de frutas e, principalmente, ter cuidado com a
quantidade e frequência de consumo”, diz.
Caroline destaca que existem muitas receitas de sobremesas
saudáveis, sorvete à base de banana, mousse de chocolate com abacate, bolos
ricos em fibras. “E ainda, elas podem levar oleaginosas e óleo de coco na
preparação, por exemplo”, acrescenta.
Dieta não é sinônimo
de restrição
Caroline Matos destaca que dieta já foi sinônimo de
restrição. “As pessoas precisam entender que nutricionista não deve ser visto
como um profissional que faz perder peso através de radicalismos ou restrições,
e sim como uma pessoa que irá direcionar, acompanhar, servir como parceira na
busca da consciência alimentar”, diz.
Ainda de acordo com a nutricionista, entender a composição
dos alimentos e o que eles fazem no nosso corpo é fundamental. “Assim a
nutrição age da maneira que deveria atuar sempre: de forma preventiva aos desarranjos
possíveis no organismo”, diz.
Caroline ressalta que é muito complicado falar de “alimentos
gostosos”: o que é agradável a um paladar, não necessariamente o é a outro. “Existem
pessoas que preferem alimentos salgados; as outras, doces; e ainda aquelas que
gostam de coisas azedas”, diz. Mas, de forma geral, a nutricionista cita a
existência de alguns produtos saudáveis e saborosos que agradam a maioria das
pessoas:
- Sucos industrializados orgânicos de embalagem de vidro ou
os de caixinha em que a própria caixa serve como conservante (e não aqueles de
adição);
- Barras de cereais orgânicas sem adição de açúcar e de
vários sabores;
- Arroz integral associado a grãos (saber preparar e
combinar com alimentos faz com que fique mais agradável ao paladar);
- Hambúrgueres orgânicos com baixo teor de sódio e
conservantes.
Orientações para quem
não come carne
Algumas pessoas, por diferentes motivos, estão deixando de
comer carne no dia a dia. Caroline Matos conta, inclusive, que no último ano
atendeu muitas pessoas que aderiram a esta restrição.
De acordo com a nutricionista, o
cuidado que se deve ter nesse caso é em relação ao teor proteico de alimentação
e à vitamina B12. “Cresceu muito a oferta de produtos direcionados para pessoas
que não comem carne e eles ficaram tão gostosos que indico mesmo para aquelas
que comem carne, como uma opção do cardápio para mudar um pouco o paladar”,
destaca.
Caroline explica que se tornar
vegetariano também significa ter mais atenção aos alimentos e aumentar a
variedade deles. “Não adianta ser vegetariano e comer arroz branco com feijão
somente. É preciso usar todos os tipos de arroz (vermelho, cateto, integral,
negro, selvagem), todas as leguminosas (grão de bico, lentilha, ervilha, soja,
vagem e todos os tipos de feijão), além de frutas, verduras, legumes, sementes
e oleaginosas”, destaca a nutricionista.
Todas as dicas da nutricionista
reforçam que é possível seguir uma dieta equilibrada sem grandes restrições. Claro,
dedicação e perseverança devem fazer parte do dia a dia dessas pessoas que
estão buscando um corpo e uma vida mais saudáveis através da boa alimentação. Mas,
com certeza, os resultados alcançados mostrarão que “vale a pena”!